Eu sempre odiei todo o processo de procurar emprego, passar por entrevistas, dinâmicas e tudo mais. Não só pelo nervosismo, até porque isso é controlável. Eu não gosto das entrevistas porque elas são mecânicas, automáticas, quase robóticas. É como se houvesse um script universal e dentro desse script fosse obrigatório perguntar: "Qual é o seu maior defeito?".
Nesse meio corporativo há pessoas que estudam anos, formam-se em psicologia, especializam-se em RH para no fim de todo o esforço serem obrigadas a perguntar algo tão infame.
"Qual é o seu maior defeito?" Essa pergunta também tem uma resposta padrão? Pessoas não mudam no decorrer dos anos? Suas experiências não contam? Meu maior defeito há 3 anos é igual ao desse ano? Eu entendo que quem estudou para comandar um processo seletivo nem sempre tem culpa disso, mas é realmente tão importante que a pessoa descreva seu "maior defeito" e sua "maior qualidade"?
Sendo bem franca, ninguém vai responder essas questões de forma sincera e sem hesitar. Nunca! Até porque muita gente não está ciente de seus próprios defeitos e qualidades. Quem é que vai responder algo como:
"Ihh, sou desorganizado pra caralho! (Assim mesmo, com o palavrão) Eu não consigo nem manter uma gaveta organizada. Às vezes eu deixo de pagar as contas, não porque não tenho dinheiro, mas porque eu passo o dia procrastinando no Facebook. Por falar nisso, esse também é meu defeito, eu sou viciado em Redes Sociais e Jogos e entendo muito de programação, nem adianta tentar bloquear o Facebook na empresa!"
"Defeito? Sou uma pessoa muito falsa e ambiciosa, vou gongar todos os colegas de trabalho, porque eu não tenho um pingo de profissionalismo."
"Humm, deixa eu pensar. Sou um machista escroto! Eu assedio mulheres por diversão. Adoro ver a cara de surpresa delas quando eu roço meu cotovelo nos seios, ou quando eu dou um tapinha na bunda delas e ninguém está olhando. Acho que é isso."
"Ah, acho que o fato de ser separatista conta né? Sabe nordestinos? ODEIO! Acho uma raça de ignorantes, Também não gosto muito de Judeus."
Pensar nisso chega a ser tragicômico. Vocês perceberam o que essas pessoas fictícias tem em comum? Todas tem defeitos que geralmente não são notados pela própria pessoa. É difícil ter um níve tão grande de autoconhecimento para notar essas peculiaridades tão enraizadas.
Acredito que se as entrevistas fossem menos ortodoxas, saberia-se mais sobre as pessoas que se candidataram. Não que eu espere que alguém me convide para tomar uma xícara de café (Dona Florinda Feelings) e comece a perguntar sobre meus filmes prediletos da Disney. Eu só queria que o papo fosse reto. E para descrever isso só pode ser assim, com gíria, com expressão popular.
"Gabby, mas e onde fica a autocrítica? Como saber se a pessoa sabe fazer isso sem fazer tal questionamento?"
Olha, eu não sei vocês, mas eu vivo me cobrando para ser uma pessoa melhor. Faço isso diariamente. Não acho que para demonstrar autocrítica você deva necessariamente responder a uma questão padrão. Você nota isso na forma da pessoa falar, na forma como a pessoa se porta na entrevista. Sou super a favor naquelas situações fictícias em que a gente tem que resolver um problema, sabe? Não aquelas de sempre "Venda um rolo de papel higiênico". Situações que você poderia usar no cargo ao qual se candidatou.
Fiquei sabendo esses dias que as empresas andam fuçando os perfis pessoais do povo no Facebook. Sério isso? Numa rede de relacionamento/entretenimento? Poxa, a empresa que faz isso é, no mínimo, conservadora! O que eu posto nas redes sociais não deveria ser do interesse deles. Eu compartilho opiniões políticas, misturadas com fotos de gatinhos, com posts de humor, compartilho feminismo, compartilho coisas muito íntimas que eu não gostaria que uma futura chefia soubesse. Opiniões políticas são pessoais demais, quem dirá meus desabafos? Minhas aflições?
É um paradoxo isso aí. Na entrevista te tratam como um número, fazem perguntas genéricas e pelas suas costas vão fuçar cada pedacinho da sua vida pessoal. Empresas, suas lindas! Querem um conselho? Se quiserem saber algo pessoal ( pessoal, mas que seja apropriado ok? Não vale perguntar que tipo de absorvente eu uso, ou a minha orientação sexual) perguntem! Digam: "Olá, tudo bem? Gabriella, conte-me mais sobre você!" As pessoas é que devem se sentir a vontade o bastante para falarem sobre si mesmas, sem pressão, sem psicologia ortodoxa, somente uma conversa amigável e ela vai falar o que achar relevante. E se ainda quiserem saber "Qual é o meu maior defeito?" eu vos digo que não sei, mas estou me esforçando muito para saber.
Nesse meio corporativo há pessoas que estudam anos, formam-se em psicologia, especializam-se em RH para no fim de todo o esforço serem obrigadas a perguntar algo tão infame.
"Qual é o seu maior defeito?" Essa pergunta também tem uma resposta padrão? Pessoas não mudam no decorrer dos anos? Suas experiências não contam? Meu maior defeito há 3 anos é igual ao desse ano? Eu entendo que quem estudou para comandar um processo seletivo nem sempre tem culpa disso, mas é realmente tão importante que a pessoa descreva seu "maior defeito" e sua "maior qualidade"?
Sendo bem franca, ninguém vai responder essas questões de forma sincera e sem hesitar. Nunca! Até porque muita gente não está ciente de seus próprios defeitos e qualidades. Quem é que vai responder algo como:
"Ihh, sou desorganizado pra caralho! (Assim mesmo, com o palavrão) Eu não consigo nem manter uma gaveta organizada. Às vezes eu deixo de pagar as contas, não porque não tenho dinheiro, mas porque eu passo o dia procrastinando no Facebook. Por falar nisso, esse também é meu defeito, eu sou viciado em Redes Sociais e Jogos e entendo muito de programação, nem adianta tentar bloquear o Facebook na empresa!"
"Defeito? Sou uma pessoa muito falsa e ambiciosa, vou gongar todos os colegas de trabalho, porque eu não tenho um pingo de profissionalismo."
"Humm, deixa eu pensar. Sou um machista escroto! Eu assedio mulheres por diversão. Adoro ver a cara de surpresa delas quando eu roço meu cotovelo nos seios, ou quando eu dou um tapinha na bunda delas e ninguém está olhando. Acho que é isso."
"Ah, acho que o fato de ser separatista conta né? Sabe nordestinos? ODEIO! Acho uma raça de ignorantes, Também não gosto muito de Judeus."
Pensar nisso chega a ser tragicômico. Vocês perceberam o que essas pessoas fictícias tem em comum? Todas tem defeitos que geralmente não são notados pela própria pessoa. É difícil ter um níve tão grande de autoconhecimento para notar essas peculiaridades tão enraizadas.
Acredito que se as entrevistas fossem menos ortodoxas, saberia-se mais sobre as pessoas que se candidataram. Não que eu espere que alguém me convide para tomar uma xícara de café (Dona Florinda Feelings) e comece a perguntar sobre meus filmes prediletos da Disney. Eu só queria que o papo fosse reto. E para descrever isso só pode ser assim, com gíria, com expressão popular.
"Gabby, mas e onde fica a autocrítica? Como saber se a pessoa sabe fazer isso sem fazer tal questionamento?"
Olha, eu não sei vocês, mas eu vivo me cobrando para ser uma pessoa melhor. Faço isso diariamente. Não acho que para demonstrar autocrítica você deva necessariamente responder a uma questão padrão. Você nota isso na forma da pessoa falar, na forma como a pessoa se porta na entrevista. Sou super a favor naquelas situações fictícias em que a gente tem que resolver um problema, sabe? Não aquelas de sempre "Venda um rolo de papel higiênico". Situações que você poderia usar no cargo ao qual se candidatou.
Fiquei sabendo esses dias que as empresas andam fuçando os perfis pessoais do povo no Facebook. Sério isso? Numa rede de relacionamento/entretenimento? Poxa, a empresa que faz isso é, no mínimo, conservadora! O que eu posto nas redes sociais não deveria ser do interesse deles. Eu compartilho opiniões políticas, misturadas com fotos de gatinhos, com posts de humor, compartilho feminismo, compartilho coisas muito íntimas que eu não gostaria que uma futura chefia soubesse. Opiniões políticas são pessoais demais, quem dirá meus desabafos? Minhas aflições?
É um paradoxo isso aí. Na entrevista te tratam como um número, fazem perguntas genéricas e pelas suas costas vão fuçar cada pedacinho da sua vida pessoal. Empresas, suas lindas! Querem um conselho? Se quiserem saber algo pessoal ( pessoal, mas que seja apropriado ok? Não vale perguntar que tipo de absorvente eu uso, ou a minha orientação sexual) perguntem! Digam: "Olá, tudo bem? Gabriella, conte-me mais sobre você!" As pessoas é que devem se sentir a vontade o bastante para falarem sobre si mesmas, sem pressão, sem psicologia ortodoxa, somente uma conversa amigável e ela vai falar o que achar relevante. E se ainda quiserem saber "Qual é o meu maior defeito?" eu vos digo que não sei, mas estou me esforçando muito para saber.